Antes considerada moribunda, a venda de livros porta a porta ganhou um novo sopro de vida recentemente.
De 2007 a 2010, a participação do segmento no mercado editorial do país aumentou de 9% para 21,66%. Atualmente, somente as livrarias e as distribuidoras estão na frente do porta a porta como canal de venda.
Nessa retomada, o livro ganhou parcerias. Com a sua compra, as editoras oferecem brindes como DVDs, CDs, cursos a distância, livros digitais, entre outros produtos.
“O Brasil tem mais de 5.000 municípios e menos de 2.000 livrarias. A venda porta a porta tem uma enorme capilaridade e supre essa lacuna”, afirma Diego Drumond e Lima, presidente da ABDL (Associação Brasileira de Difusão de Livros) e diretor-geral da Editora Escala.
Público variado
De acordo com dados da ABDL, o faturamento do setor alcançou R$ 1,2 bilhão em 2010. Em 2008, foram R$ 681 milhões. A média de preço das coleções é de R$ 122,74.
A Editora Escala começou no porta a porta há sete anos. “Atualmente, vendemos 350 mil livros por mês nesse segmento”, diz Lima. Para agradar a um público variado, os títulos incluem livros pedagógicos, religiosos, infantis e best-sellers.
Não por acaso, a Hermes, tradicional empresa de vendas diretas do Rio de Janeiro, começou a fazer testes com a venda de livros há quatro anos. “Vimos que esse nicho podia ser mais bem explorado” afirma Silvio Zveibil, diretor de vendas da Hermes.
“Mas foi realmente em 2010 que o negócio deslanchou, com vendas de 10,5 milhões de unidades.”
Segundo Zveibil, a venda de livros gerou receita de R$ 140 milhões no ano passado.
A Avon, especializada em cosméticos, descobriu esse segmento há 18 anos. Com seu exército de 1,1 milhão de revendedoras, é a líder de mercado.
Segundo Adriana Picazio, gerente da Avon no Brasil, a negociação de grandes volumes da empresa com as editoras reduz significativamente o preço das unidades.
Conforme a Folha apurou, a Avon fatura aproximadamente R$ 400 milhões com a venda de livros.
Enciclopédias
Os negócios com enciclopédias, que deram origem ao segmento, também não vão mal. A líder de mercado, Barsa, controlada pela Editora Planeta, espera vender 70 mil coleções de enciclopédias em 2011, 7% mais que em 2010. As coleções custam de R$ 2.400 a R$ 2.900.
Segundo Sandra Cabral, diretora da Barsa, equipes especializadas em nichos profissionais têm ganhado destaque. “Temos vendedores que atendem somente delegados de polícia ou médicos.”
Fonte: Felipe Vanini Bruning/Folha