Torelli para a Panorama

Ranking dos maiores revela pujança do porta a porta

Sem dúvida, a divulgação dos dados da pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), em acordo com a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e o Sindicato Nacional de Editores de Livros (SNEL), revelou ao grande público uma faceta surpreendente do mercado livreiro. A venda porta a porta de livros, que para muitas pessoas que vivem nas grandes metrópoles evoca lembranças do passado, mostrou que está presente sim e gozando de muita saúde em nosso país.

Sua participação, que em 2006 tinha sido de 5,43% em número de exemplares vendidos, saltou para 9,61% em 2007, ostentando uma variação de 91,37% em comparação ao mesmo período do ano passado. Ao dobrar sua participação, ele se tornou o terceiro maior canal de comercialização de livros do país. O primeiro continua sendo as livrarias (47,69%); o segundo, as distribuidoras (21,58%) e os canais restantes respondem por 21,12% do total.

Embora o número de leitores no Brasil continue acanhado quando comparado ao dos países desenvolvidos, o desempenho do porta a porta surpreende e, ao mesmo tempo, confirma a estratégia de compensar este cenário desfavorável com a busca pelo consumidor e pelo novo leitor. A criatividade é a principal ferramenta empregada por mais de 30.000 vendedores espalhados por todo o País para convencer consumidores, principalmente das classes C e D, a comprar livros, valendo-se de um atendimento diferenciado e personalizado capaz de tornar o livro um objeto de desejo.

É uma vitória para o porta a porta manter-se tão bem e por tantos anos em um ambiente tão desfavorável e ainda conseguir expandir seus negócios. E quanto ao futuro? Não podemos ignorar os efeitos das turbulências atuais do mercado financeiro e as ondas de impacto que estão por vir, mas a expectativa para este ano ainda é de crescimento. Uma vantagem preciosa desse setor sobre a concorrência é que, além de estar capitalizado, ele financia seu negócio com recursos próprios. Dispondo de um exército de vendedores que diariamente vai ao encontro do cliente onde quer que ele esteja, ele é pró-ativo e não depende como os outros segmentos da visita oportuna do cliente em seus estabelecimentos físicos e/ou virtuais.

Esta constatação reforça ainda mais as ações que estamos desenvolvendo para o futuro. Através da Associação Brasileira de Difusão do Livro (ABDL), entidade que representa o setor porta a porta, apresentamos ao Ministério do Trabalho e Emprego um projeto para recrutar e qualificar inicialmente 2.000 vendedores de livros em todo o Brasil. Batizado de PLANSEQ – Agente de Leitura (Plano Setorial de qualificação), este é um convênio entre a ABDL e o Fundo de Assistência ao Trabalhador (FAT) que será financiado com os recursos orçamentários do exercício de 2009 e tem por objetivo oferecer às empresas associadas profissionais capacitados, atualizados, com visão estratégica e empreendedora que lhes possibilitem ampliar suas atuações no mercado. Além disso, visando abrir uma nova opção de crédito aos nossos clientes e minimizar a inadimplência, apresentamos em 2008 um projeto para disponibilizar um cartão de crédito com forte apelo cultural que lhes será oferecido pelo vendedor. Este cartão, que já recebeu aprovação da bandeira VISA, é mais uma novidade entre tantas que estamos prospectando.

O aumento do número de vendedores, a melhor qualificação destes profissionais, produtos diferenciados e de qualidade, controle da inadimplência em níveis aceitáveis e a manutenção do padrão de renda das classes C e D vão promover o crescimento desse segmento como um todo, inclusive pela adesão de novas empresas. O gestor moderno deve perceber este momento favorável e tentar acompanhar o mais rápido possível as mudanças nesse mercado tão promissor, pois à medida que o consumidor moderno se torna mais informado, ele tende a exigir formas de comercialização mais flexíveis, preços mais alinhados à sua realidade e a melhoria da qualidade dos produtos. A vista destas realidades, independentemente dos efeitos da crise externa, continuamos muito otimistas e esperamos que as vendas no porta a porta sigam o ritmo observado nos últimos anos.

Luis Antonio Torelli, presidente da Associação Brasileira de Difusão do Livro (ABDL)

ABDL

ABDL

Associação Brasileira de Difusão do Livro, fundada em 27 de outubro de 1987 é uma entidade sem fins lucrativos, que congrega o setor chamado porta a porta, ou venda direta (fora internet).

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