Câmara premia uma das maiores autorasdo segmento educacional

A pedagoga Maria Radespiel recebe o Prêmio Darcy Ribeiro de Educação 2008 e o dedica aos vendedores de livros e professores do interior

A pedagoga Maria Radespiel, uma das maiores autoras de livros pedagógicos do País, com forte presença no mercado porta a porta, recebeu no dia 28 de novembro o Prêmio Darcy Ribeiro de Educação 2008, concedido pela Câmara dos Deputados

A comenda reconhece o trabalho de 30 anos desenvolvido pela professora, que já vendeu mais de quatro milhões de exemplares, referências de qualidade entre escolas públicas e privadas. Suas coleções mais conhecidas são Alfabetização Sem Segredos e Temas Transversais.

Radespiel recebeu a homenagem em Brasília, ao lado de familiares e amigos. Foi prestigiada também por empresários do setor livreiro, que difundem suas coleções por todo o Brasil.

A professora foi premiada juntamente com a Fundação Victor Civita, do grupo Abril, e o programa Nutrir, da multinacional Nestlé. Sua candidatura para receber a comenda venceu outros 12 indicados. Entre eles instituições de peso que vem ganhando a mídia pelos seus feitos na área educacional, como o Movimento Educação para Todos, que recebe o apoio aberto do Governo Federal, e a elogiada Central Única das Favelas (Cufa), do Rio de Janeiro.

Quem trabalha com as produções da pedagoga endossa o mérito da homenageada. “Na categoria de coleções pedagógicas, o material dela é muito bom. Instrui os professores a ensinar da forma correta, desde o maternal. Elementos que estão faltando nas outras obras com as quais costumamos trabalhar”, afirma a distribuidora Carla Klein, dona da Livraria Nova Era, de Porto Alegre. “O trabalho da Maria Radespiel, em relação ao realizado por outros profissionais, é bem superior, pois é desenvolvido com muito amor e dedicação. Por isso ela é reconhecida como uma das melhores professoras de pedagogia”, reforça Alfredo Grecco, dono da gráfica e distribuidora de livros Grecco & Melo Ltda, que conhece a professora há 30 anos e difunde seus livros desde o início de sua carreira como autora.

“Maria Radespiel é uma pedagoga brilhante e tem uma produção muito substancial. Compôs uma linha de produtos de qualidade robusta, visualmente e de conteúdo. Ao fazer isso ela acabou influenciando outras editoras que atuam no segmento porta-a-porta a melhorar seus materiais. Hoje um produto de má qualidade, definitivamente não se sustenta nesse mercado”, afirma Edvaldo Fernandes, consultor da editora Iemar, que publica os livros da pedagoga.
O deputado Antônio Roberto (PV-MG), que propôs e defendeu a premiação da pedagoga junto à Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, ressalta o trabalho de transformação do método de ensino que ela prega junto aos professores, valorizando a realidade do aluno. “Em seus livros, Maria Radespiel propõe uma educação inclusiva, reflexiva e participativa. Para ela, o professor precisa penetrar no universo da criança e compreender como ele funciona e que valores a empolgam”, afirma o parlamentar.

Após receber a medalha e o diploma das mãos do deputado Severiano Alves (PDT-BA), a pedagoga transpareceu em seu discurso a preocupação com a qualidade do ensino, sobretudo àquele oferecido às classes menos favorecidas. “O Prêmio Darcy Ribeiro é a maior deferência que recebi em minha trajetória de educadora. Representa a coroação de uma vida inteira dedicada à educação de crianças de periferia, da zona rural. Mas a verdade dói, e precisa ser dita. Em matéria de educação, estamos atrás dos países mais atrasados da América Latina. A educação brasileira ainda é muito pobre. E é muito mais pobre quando é oferecida aos pobres”, proferiu, para logo em seguida completar: “no País de Darcy Ribeiro, ainda há tantos analfabetos, tantas crianças que deixam de aprender a ler e escrever”.
Para Radespiel, esse quadro resulta da ausência de políticas que definam metas claras para a alfabetização, visando todos os tipos de inclusão: de raça, gênero, padrão econômico e inclusão digital. A escritora criticou o contraste presente na educação brasileira, na qual existe um ensino tão bom quanto o praticado nas nações de primeiro mundo, mas acessível apenas às classes abastadas. Na opinião dela, o problema está na falta de apoio ao educador. “Quem conhece a realidade da escola pública, principalmente no meio rural como eu conheço, sabe que os professores não estão minimamente preparados para enfrentar o duro desafio de educar. Ele é um excluído. Qualquer reforma séria do sistema educacional deveria ter como ponto de partida a inclusão social, acadêmica e cultural do professor”, disse.

Autoria: Rilton Pimentel e Edvaldo Fernandes
Foto: Floriano Rios

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Associação Brasileira de Difusão do Livro, fundada em 27 de outubro de 1987 é uma entidade sem fins lucrativos, que congrega o setor chamado porta a porta, ou venda direta (fora internet).

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