“Blin-blon, a senhora quer comprar uma enciclopédia?”
Por que o e-Book não decola no Brasil?
Porque uma turista chilena semanas atrás foi esfaqueada e roubada na Glória, Rio de Janeiro, ao sacar seu tablet e pen-drive.
Porque ninguém tem coragem de abrir a bolsa ou mochila e pegar seu tablet no trem, metrô, busão, numa praça, num ponto de ônibus, num café na calçada.
Porque enquanto na maioria dos países os usuários de transporte público sentem-se à vontade com seus tabletes, o brasileiro tem um olho no bolso e outro nos passageiros vizinhos.
No Brasil, tudo é mesmo diferente.
A vítima é um dos mercados que mais crescem no mundo, o do leitor digital em EPUB ou PDF e seus derivados como Kindle, iPad, Kobi, Nook…
Por outro lado, surpresa: o segmento de venda direta de livros, o velho e bom “venda porta a porta”, fatura R$ 1.354.009.673 e se consolida como o segundo canal de vendas de livros mais importante.
O setor cresceu 25% entre 2013 e 2014, ficando à frente da internet e atrás apenas das livrarias. A informação é da recente pesquisa “Perfil Setorial”, encomendada pela ABDL (Associação Brasileira de Difusão do Livro).
O aumento nas vendas de livros porta a porta se deu graças a iniciativas como novos benefícios aos associados: de convênio médicos até descontos na compra de carros. E a maioria dos empresários entrevistados quer ampliar os investimentos a serem direcionados às suas equipes comerciais em 2015.
“Em um cenário econômico conturbado, o associativismo ganha impulso e, o que nos gratifica mais, ganha também reconhecimento, apoio e participação, criando um ciclo virtuoso capaz de manter e ampliar a difusão do livro”, avalia Leandro Carvalho, presidente da ABDL.
Ao contrário das enciclopédias, que deram origem às atividades das vendas porta a porta no setor, os livros “infantis e infanto-juvenis” lideraram o ranking das publicações com maior participação no faturamento (47%), seguidos dos livros que compõem as outras categorias analisadas, como “referência, pedagógicos, dicionários e enciclopédias” (21%), “literatura e paradidádicos” (12,5%), “religioso” (9%), “técnico, científico e de enfermagem” (8%), “auto-ajuda” (1,5%) e outros (0,5%).
O faturamento anual do segmento porta a porta nos últimos três anos:
2012: R$ 984.968.229,49
2013: R$ 1.081.801.651,89
2014: R$ 1.354.009.673,85
Por Marcelo Rubens Paiva
Fonte: estadao.com.br